quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A GENTE SE ACOSTUMA...


A GENTE SE ACOSTUMA...                                 
"Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz.
E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia...
A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração...
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido
, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios...
E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

 
Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zoológico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado.

WEBQUEST: Aprendizagem Colaborativa


WEBQUEST: Aprendizagem Colaborativa


Webquest é uma atividade de aprendizagem que aproveita a imensa riqueza de informações que, dia a dia, cresce na Web.

O conceito de webquest foi criado em 1995, por Bernie Dodge, professor da universidade estadual da Califórnia, EUA, como proposta metodológica para usar a Internet de forma criativa.

Dodge a define assim:"Webquest é uma atividade investigativa, em que alguma ou toda a informação com que os alunos interagem provém da Internet."


Descrição geral


Em geral, uma webquest é elaborada pelo professor, para ser solucionada pelos alunos, reunidos em grupos.

A webquest sempre parte de um tema (o Egito Antigo, por exemplo) e propõe uma Tarefa, que envolve consultar fontes de informação especialmente selecionadas pelo professor.Essas fontes (também chamadas de recursos) podem ser livros, vídeos, e mesmo pessoas a entrevistar, mas normalmente são sites ou páginas na Web.

É comum que a Tarefa exija dos alunos a representação de papéis (faraó, arquiteto, escravo), para promover o contraste de pontos de vista ou a união de esforços em torno de um objetivo.

 


Tipos


Bernie Dodge divide a webquest em dois tipos, ligados à duração do projeto e à dimensão de aprendizagem envolvida:

Webquest curta - leva de uma a três aulas para ser explorada pelos alunos e tem como objetivo a aquisição e integração de conhecimentos.

Webquest longa - leva de uma semana a um mês para ser explorada pelos alunos, em sala de aula, e tem como objetivo a extensão e o refinamento de conhecimentos.

 

Seções da WQ


Como regra geral, uma webquest é constituída de sete seções:

  1. Introdução
  2. Tarefa
  3. Processo
  4. Fontes de informação
  5. Avaliação
  6. Conclusão
  7. Créditos

Introdução


A Introdução é um texto curto, que apresenta o tema e antecipa para os alunos que atividades eles terão de realizar.

Se a WQ tem um cenário ou pede representação de papéis ("Você é um detetive tentando descobrir um poeta misterioso"), isso deve ser mencionado na Introdução.

 


Tarefa


A Tarefa descreve que “produto” se espera dos alunos ao final da webquest e que ferramentas devem ser utilizadas para elaborá-lo (um determinado software, por exemplo).

Exemplos de Tarefas:

  • Resolver um problema;
  • Solucionar um mistério;
  • Formular e defender uma opinião;
  • Analisar uma problemática;
  • Colocar em palavras uma descoberta pessoal;
  • Elaborar um resumo;
  • Inventar uma mensagem persuasiva;
  • Redigir um relato jornalístico, ou
  • qualquer coisa que exija dos aprendizes processar e transformar as informações coletadas.

 


Processo


O Processo deve apresentar os passos que os alunos terão de percorrer para desenvolver a Tarefa. Quanto mais detalhado for o processo, melhor.

Exemplo:

  1. Primeiro, formem grupos de três alunos.
  2. Em seguida, decidam o papel que cada um vai representar.
  3. ...e assim por diante.

Na seção Processo, também cabe sugerir de que forma os alunos deverão organizar as informações que serão reunidas: usando fluxogramas, mapas mentais, checklists etc.

 


Fontes de informação


As fontes de informação (também chamadas de recursos) são os sites e páginas Web que o professor escolhe e que devem ser consultados pelos alunos para realizar a Tarefa.

As fontes de informação costumam ser parte integrante da seção Processo, mas também podem constituir uma seção separada.

 


Avaliação


Na seção Avaliação, o aluno deve ser informado sobre como o seu desempenho será avaliado e em que casos a verificação será individual ou coletiva.

Escreva aqui o objetivo ou desempenho esperado

 

Conclusão


A Conclusão deve resumir, em poucas frases, os assuntos explorados na webquest e os objetivos supostamente atingidos.

A conclusão é também o espaço para incentivar o aluno a continuar refletindo sobre o assunto, através de questões retóricas e links adicionais.

 


Créditos


A seção de Créditos deve apresentar as fontes de todos os materiais utilizados na webquest: imagens, músicas, textos, livros, sites, páginas Web.

Se as fontes são sites ou páginas Web, colocam-se os links. Quando os materiais são físicos, colocam-se as referências bibliográficas.

Créditos é também o espaço dos agradecimentos a pessoas ou instituições que de algum modo tenham colaborado na elaboração da webquest.

 

Objetivos educacionais da Web Quest


A metodologia webquest pode ajudar o educador a alcançar objetivos educacionais importantes:

·         Modernizar modos de fazer educação

As WQs fornecem orientações bastante concretas para tornar possível e efetivo o uso da Internet. E isso, na forma e na essência, é uma maneira de praticar uma educação sintonizada com nosso tempo.

·         Garantir acesso a informações autênticas e atualizadas

Conteúdos publicados na Internet, sobretudo os produzidos profissionalmente, refletem saberes e informações recentes. Além disso, são produtos autênticos que fazem parte do dia-a-dia das pessoas.

·         Promover aprendizagem cooperativa

As WQs estão baseadas na convicção de que aprendemos mais e melhor com os outros do que sozinhos. Aprendizagens significativas são resultados de atos de cooperação.

·         Desenvolver habilidades cognitivas

O modo de organizar Tarefa e Processo numa webquest pode oferecer oportunidades concretas para o desenvolvimento de habilidades do conhecer que favorecem o aprender a aprender.

·         Transformar informações ativamente (em vez de apenas reproduzi-las)

Na educação tradicional, parece que a preocupação central é armazenar e reproduzir "matéria". Na perspectiva sugerida por Dodge, o importante é acessar, entender e transformar as informações existentes, tendo em vista uma necessidade, problema ou meta significativa.

·         Incentivar a criatividade

Se bem concebida, a Tarefa planejada para uma webquest engaja os alunos em investigações que favorecem criatividade.

·         Favorecer o trabalho de autoria dos professores

Webquests devem ser produzidas por professores, não por especialistas ou técnicos. A ídéia é oferecer oportunidades concretas para que os professores se vejam como autores de sua obra e atuem como tal.

·         Favorecer o compartilhar de saberes pedagógicos

Concebidas como publicações típicas do espaço Web (abertas, de acesso livre, gratuitas etc.), as webquests são uma forma interessante de cooperação e intercâmbio docente.

 

Retirado do site: http://webquest.sp.senac.br/textos/
 


Modelo de plano de aula webquest



1) Reconhecer a conjuntura política da luta armada;

2) Reconhecer o uso dos filmes como fontes para a construção do conhecimento e análise do momento histórico em que foi produzido (filme como documento);

3) Debater os alcances da repressão no país;

4) Promover a reflexão sobre os diferentes posicionamentos dos sujeitos históricos em uma mesma conjuntura.

Comentário introdutório

O desenvolvimento dessa aula possibilita ao aluno reconhecer o que foi a luta armada no Brasil e como se deu a derrota. A aula deve estar inserida em uma seqüência didática referente à ditadura militar brasileira ou mesmo dentro de um programa que avalie o direcionamento das esquerdas dentro e fora do Brasil.

Estratégias

1) É fundamental que os alunos conheçam o que foi a luta armada no Brasil, as especificidades dela e os objetivos. Apresente de maneira expositiva esses aspectos, de modo que fique evidente que a história não é feita apenas pelos "grandes nomes".

2) Analise detalhadamente alguns dos atos institucionais e mostre aos alunos as justificativas dadas pelos grupos de luta armada.

3) Depois dessa apresentação, deixe que os alunos assistam ao filme "O Que é Isso, Companheiro?", de Bruno Barreto.

4) Depois de assistir ao filme, peça aos alunos que representem a cena que mais tenha atraído a atenção deles. Para isso, solicite que utilizem diferentes tipos de produções artísticas (desenhos, versos, recorte e colagem etc). Peça para alguns deles apresentarem as criações. Conforme o grupo fizer referência às cenas, escolha as que mais auxiliam você a aprofundar suas análises. Crie sua argumentação baseada nas descobertas de seus alunos.

5) Por fim, apresente as idéias dos movimentos de luta armada. Tente não resumir a escolha a apenas um grupo e um posicionamento.

Atividades

1) Peça que os alunos pesquisem sobre os métodos de violência usados durante a ditadura. Montem um pequeno mural na sala. Ele deve ser usado para criar e fixar a definição da turma (obviamente baseada em pesquisas) do que é violência, censura e luta armada, a fim de que o grupo se coloque criticamente sobre o fato histórico em análise.

2) Busque em jornais e revistas dados sobre as indenizações e as pessoas com doenças causadas pela violência.

3) Realize com a turma uma análise mais detalhada do filme como documento, reflita sobre as razões que levaram essa versão a lotar os cinemas no país.

Sugestões e dicas

Aprofunde com seus alunos os alcances da repressão no país. Uma possibilidade é o uso da obra "Um relato para a história: Brasil nunca mais", escrito por estudiosos que retratam as angústias, os abusos e a repressão cometidos pelo regime, usando documentos produzidos pelas próprias autoridades da ditadura militar.